Page Nav

HIDE
Terça, Junho 3

Pages

Maio Furta-Cor: Rede pública de saúde do DF oferece suporte à saúde mental das mães

    Serviços incluem apoios nas unidades básicas de saúde (UBSs) e nos centros de atenção psicossocial (Caps), além do Programa de Pré-Natal...

  


Serviços incluem apoios nas unidades básicas de saúde (UBSs) e nos centros de atenção psicossocial (Caps), além do Programa de Pré-Natal Psicológico e do grupo de Luto Perinatal no Hmib

Agência Brasília

Pesquisas da Fiocruz apontam que cerca de 25% das mulheres sofrem de depressão pós-parto e até 20% podem apresentar sintomas depressivos durante a gravidez. Os números revelam um cenário preocupante e que demanda atenção especializada. No Distrito Federal, a rede pública de saúde conta com medidas de conscientização, prevenção e acolhimento psicológico desde o pré-natal até o período após o parto.

Um dos destaques é a campanha Maio Furta-Cor, instituída pela Lei nº 7.163/2022, do DF, que dedica o mês à sensibilização sobre o bem-estar emocional das mães com ações desenvolvidas pela Secretaria de Saúde (SES-DF). “É um mês de sensibilização pela saúde mental materna. É uma campanha nacional que nasceu em 2020 e virou lei em vários lugares, inclusive aqui no DF, porque nós precisamos cuidar melhor das mães e não só da saúde física delas”, explica a psicóloga perinatal do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) e representante do Maio Furta-Cor em Brasília, Alessandra Arrais.
 

Aline Dutra com as psicólogas do projeto Pré-Natal Psicológico do Hmib | Foto: Arquivo Pessoal


“O pré-natal obstétrico e fisiológico acontece muito com o interesse de garantir que o bebê nasça com saúde. Costumo dizer que é um olhar interesseiro e não interessado pela mãe. Essas mulheres acabam ficando sem uma assistência adequada do ponto de vista emocional. Qual é a consequência disso? A gente não rastreia os sintomas da depressão pós-parto e mesmo de depressão gestacional”, destaca a especialista.

Para mudar esse cenário, o Hmib oferece um serviço pioneiro no Brasil: o Ambulatório de Saúde Mental Perinatal, iniciativa da psiquiatra Maria Marta Freire, que inclui o acompanhamento psiquiátrico e psicológico por meio do Programa Pré-Natal Psicológico voltado a gestantes e puérperas com até seis meses de pós-parto que enfrentam sofrimento mental grave, e do grupo de Luto Perinatal, que atende mulheres que tiveram perdas gestacionais. O encaminhamento é feito pelas unidades básicas de saúde (UBSs) ou durante internações no próprio hospital.

“É um modelo de atenção à saúde da mulher que pretende ser preventivo, psicoprofilático, psicoeducativo e psicoterapêutico. Ele é um trabalho complementar ao abordar questões que não são vistas no pré-natal obstétrico”, aponta Alessandra Arrais.
 

Alessandra Arrais desenvolveu o Pré-Natal Psicológico que tem como objetivo acompanhar gestantes e puérperas com até seis meses de pós-parto que enfrentam sofrimento mental grave


Desenvolvido por Alessandra Arrais com o apoio das psicólogas perinatais voluntárias, Solange Bittar e Alessandra Sancho, o pré-natal psicológico tem como objetivo acompanhar a mulher ao longo da gestação para reduzir os fatores de risco associados ao desenvolvimento de quadros depressivos.

“Qual é o risco aumentado para o adoecimento? Ter histórico de depressão e ansiedade antes da gestação. Já ter tido depressão pós-parto. Não ter rede de apoio. Ter uma relação conflituosa com o pai do bebê. Passar por problemas adversos durante a gestação. Gravidez na adolescência. Ser uma mulher que sofre muito de TPM e da disforia pré-menstrual, porque mostra que ela é mais sensível às mudanças hormonais. Ter sofrido abortos, óbitos perinatais e perdas durante a gestação”, esclarece. “Já um fator de proteção é exatamente a realização do pré-natal psicológico. A prevalência da depressão pós-parto é muito menor nas mulheres que passam pelo programa”.

Apoio gestacional

A dona de casa Josenilda Oliveira dos Santos, 41 anos, conta que na gravidez do primeiro filho – hoje com 15 anos – ela foi diagnosticada com depressão ainda durante a gestação. Há alguns anos, ela teve três perdas perinatais e passou pelo grupo de Luto Perinatal do Hmib para lidar com novos episódios de transtornos depressivos.

Hoje, grávida de 25 semanas de Sarah Beatriz, ela é acompanhada pelo Projeto Pré-Natal Psicológico. “Já estou indo para o segundo mês de acompanhamento e tem sido muito bom. Quando eu cheguei estava muito depressiva, angustiada e com muito medo. Tenho melhorado bastante, porque me sinto acolhida pelos conselhos, pelas orientações e pelo relato das colegas. Esse grupo é uma ajuda tanto para mim, quanto para outras mães”, diz.

A professora Aline Dutra Martins Saboia, 32 anos, está pela segunda vez no projeto de pré-natal. A primeira experiência foi em meados de 2022 quando estava grávida de Helena, hoje com 2 anos. “Tudo se iniciou quando eu tive duas perdas gestacionais. No posto de saúde de Sobradinho, me encaminharam para a psiquiatria do Hmib, que fez o meu tratamento de luto perinatal, e depois, quando eu engravidei, me encaminhou para o pré-natal psicológico. Foi algo que me ajudou muito, porque eu tinha muito medo e tudo me assustava. Eles me deram esse suporte durante a gestação e também depois”, afirma.

Aline lembra que, quando a filha tinha apenas 16 dias, ela teve que lidar com críticas de familiares em relação à decisão de furar a orelha da menina. Aquilo causou um quadro de ansiedade que conseguiu ser combatido graças aos encontros do grupo. “Eu entrei em desespero depois dessa ocorrência. Tinha muito medo e não conseguia dormir. Foram as profissionais do projeto que me acalmaram”, recorda.

Hoje, em sua segunda gestação, ela retorna ao acompanhamento de pré-natal psicológico. “Tem sido muito gratificante poder reconhecer a importância desse projeto, que nos faz aceitar as diferentes maternidades e que mostra que não existe essa romantização. Maternar é uma coisa muito desafiadora e toda mãe se sente frustrada por não conseguir alcançar certos objetivos que almeja. Todas essas inúmeras coisas são trabalhadas nos encontros amenizando essa dor e angústia que todas sentimos. Esse é um processo que me ajuda tanto psicologicamente, como emocionalmente e na minha autoestima”, defende.

A expectativa é de que o serviço – hoje disponível no Hmib e previsto na Lei nº 7.620, de dezembro de 2024 – passe a ser multiplicado em outras unidades de saúde. Atualmente, a SES investe na capacitação de profissionais por meio de cursos, como o Parto do Princípio, ministrado este ano para 50 profissionais, e um segundo em fase de gravação, batizado de Curso de Saúde Mental Materna. Ambos os cursos são iniciativas da Subsecretaria de Saúde Mental da SES-DF, em parceria com a Escola Superior de Saúde Pública do DF (EAPSUS).

“A ampliação dessas equipes está prevista para garantir acesso ao atendimento especializado em todo o DF, assegurando diagnósticos e tratamentos rápidos que contribuam para a estabilidade emocional das mães e o desenvolvimento saudável dos bebês”, informa o secretário de Saúde do DF, Juracy Cavalcante.

Da redação do Portal de Notícias

Nenhum comentário

Pixel

Lei 15.141/2025: Valorização de carreiras administrativas fe...

DF segue no top acima da média nacional em aleitamento de cr...

Quer desconto na conta de luz? Aproveite a Semana do Meio Am...

Caesb lança desafio para soluções inovadoras de hidratação p...

No mês dos namorados, Nota Fiscal Mineira dará prêmio especi...

Hospital Municipal de Ipatinga realiza primeira captação de ...

Campeonato Brasileiro de Futebol de 2024 - Série D ... Pri...

Campeonato Brasileiro Série C Primeira Fase 8ª Rodada 02....

Estudantes do ensino médio da rede estadual têm até sexta-fe...

Campeonato Brasileirão Série B | 10ª Rodada 02.06.2025 – 2ª...